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II Encontro Internacional Escritas do Corpo Feminino: acolhimento e resistência ao sofrimento psíquico

DATA: 13 e 14 de agosto de 2025

Evento presencial e remoto síncrono

Local de Realização: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Auditório G2 - Faculdade de Letras UFRJ


ATENÇÃO! Haverá listas de presença em todas as mesas do Evento.
Fiquem atentos à nossa programação.

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O “II Escritas do Corpo Feminino”, que acontecerá em agosto de 2025, dá continuidade aos debates iniciados em eventos anteriores, como o “Novas Escritas do Corpo Feminino”, realizado em 2016, e o “I Encontro internacional Escritas do Corpo Feminino”, que aconteceu entre os dias 17, 18 e 19 de abril de 2018, na Faculdade de Letras da UFRJ.

A primeira edição internacional do Encontro promoveu debates sobre obras de autoria feminina, focalizando principalmente sistemas literários em língua portuguesa (África, Brasil, Portugal), com espaço para diálogos a partir de outras artes e áreas do conhecimento (pintura, escultura, teatro, história, ciências sociais etc). Destacaram-se artistas e pesquisadores que desempenham, na cena pública, uma praxis intelectual, a fim de fomentar reflexões sobre obras engajadas na revitalização do corpo da mulher e suas identidades. Obras que não apenas denunciam a subalternidade feminina, mas questionam e convocam, em seus textos, o corpo social de seus países, sua historicidade e suas identidades sociais, propondo estratégias de resistência e transformação dos mecanismos de opressão social.

Em tempo, enfatizamos que o Grupo de Pesquisas Escritas do Corpo Feminino, coordenado por Maria Teresa Salgado, pretende estimular a criação de espaços de discussão sobre o corpo feminino, problematizando, especialmente, enunciações e encenações literárias sobre esse tema.

Apresentamos alguns registros dos encontros de 2016 e 2018, como exemplos dentre várias outras iniciativas acadêmicas realizadas na última década:

Registros 2016:

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Registros 2018:

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Formas de sofrimento psíquico: percebê-las para melhor combatê-las

A partir da pandemia, em 2020, o mundo atravessou um período extremamente difícil. No Brasil, as dificuldades se acentuaram, pois o país já vinha atravessando uma crise política e social sem precedentes desde as últimas eleições presidenciais.

Diante desse quadro, o grupo Escritas do corpo feminino começou a se reunir para discutir o sofrimento psíquico em nossa sociedade. A partir de uma série de textos da literatura, mas também da filosofia, da psicanálise, da sociologia, em resumo, do campo das ciências humanas em geral, passamos a debater as diversas formas de sofrimento a nossa volta e, sobretudo, a discutir as estratégias de resistência.

Embora o vírus pandêmico não tenha discriminado o gênero, estudos mostram que as desigualdades sociais existentes se agravaram, afetando desproporcionalmente a população feminina negra, indígena e pobre.

Se a crise pandêmica chegou ao fim do seu ciclo, as crises políticas e sociais não terminaram. Pelo contrário, se acentuaram. O que temos assistido, especialmente, desde o início do genocídio palestino, comprova essa afirmação. Mais grave ainda, como afirma o filósofo Vladimir Safatle, é que vivemos em um mundo que parece ter normalizado as ideias de crises e de guerras, conduzindo-nos a uma insensibilidade diante da dor do outro. Diante desse quadro, neste II Encontro do Escritas do Corpo Feminino, desejamos destacar o papel da literatura e de outros saberes que com ela dialogam no acolhimento e combate ao sofrimento psíquico. Cada vez mais, nos damos conta da importância de problematizar esse sofrimento, pois ele tem se infiltrado em todas as esferas da existência humana. É urgente perceber como o neoliberalismo acentuou e sofisticou os mecanismos de controle da sociedade, a ponto de encobrir e mesmo invisibilizar as diversas formas de sofrimento que nos afetam.

O sofrimento se manifesta no racismo, no machismo, no neocolonialismo, na alienação identitária, no isolamento, nas relações amorosas e familiares, no adoecimento, nas relações profissionais, na sala de aula, enfim, são tantas as esferas que o envolvem, que evocá-las parece-nos, às vezes, um exercício exaustivo.

Acreditamos que, quanto mais visibilizarmos as muitas formas de sofrimento, melhor poderemos discuti-las e combatê-las. Convidamos todos vocês para os debates nas mesas e simpósios desse encontro.

Contamos com a sua presença neste II Escritas do Corpo Feminino. Desejamos promover bons diálogos e importantes reflexões sobre esse tema amplo e completamente necessário.

Professora Dra. Maria Teresa Salgado

Coordenadora do Evento (UFRJ)

O II Encontro Internacional Escritas do Corpo Feminino: acolhimento, e resistência ao sofrimento psíquico tem por objetivo promover diálogos que proporcionem acolhimento, discussão e combate do sofrimento psíquico de mulheres, a partir de textos narrativos e poéticos das literaturas de língua portuguesa (Brasil, África e Portugal) – sobretudo das literaturas afro-diaspóricas e africanas – em diálogo com outras áreas do conhecimento, como a psicanálise, a filosofia, a história, a sociologia e outros campos das ciências humanas que se proponham a refletir sobre a temática em questão.

Os debates sobre o tema se iniciaram no âmbito dos encontros promovidos pelo Grupo de Pesquisas Escritas do Corpo Feminino, da Faculdade de Letras da UFRJ, coordenado pela professora Dra. Maria Teresa Salgado, e registrado no CNPq em 2015. Essas discussões começaram em 2021 e já tiveram a elas vinculadas uma série de mesas, palestras (canal no YouTube do Escritas do Corpo Feminino) e simpósios realizados no evento AFROLIC (2023) e Congresso PRINT UFRJ (2023), além da publicação do dossiê temático de 2024/1, da Revista Norte@mentos, cujo acesso está disponível pelo link: Revista Norte@mentos.

A partir da produção literária de autoria feminina, em diálogos interdisciplinares, com destaque para a psicanálise e para saberes e vozes que visibilizam o sofrimento psíquico feminino, tanto em manifestações literárias (textos narrativos e poéticos) como em outros campos, seguimos acolhendo reflexões que privilegiam movimentos emancipatórios protagonizados por mulheres contra diversos mecanismos de opressão. Os estudos de textos literários contribuem para denunciar, desconstruir e reconfigurar o lugar subalterno e de sofrimento imposto às mulheres, sobretudo quando se trata de vozes de países que foram colonizados.

No contrafluxo dos traumas e das assimetrias de poderes, cada vez mais se torna visível, na cena do debate público e da circulação das produções artístico-verbais, a urgência do movimento em rede protagonizado por mulheres, especialmente por mulheres negras, em suas pluralidades, que articulam variáveis de gênero, raça e classe, na esteira do proposto por Angela Davis, bell hooks, Lélia Gonzales, Sueli Carneiro e tantas outras pesquisadoras que dinamizam os debates feministas decoloniais. Elencamos tais pensadoras como um ponto de partida para discussão, já que temos convicção de que o sofrimento psíquico de mulheres negras se desenvolve, muitas vezes, na esteira do racismo.

Nosso principal objetivo é ampliar, tanto quanto possível, a discussão sobre como a escrita literária de autoria feminina vem promovendo reflexões sobre o adoecimento psíquico e seus efeitos e complexidades na contemporaneidade. Articulando questões que abarcam a problemática sobre território, corpo e poder, abre-se espaço para a escrita literária como performance e práxis de cidadania e ação política. O corpo protagonista da mulher, encenado em produções artísticas, problematiza e ilumina estratégias de subversão que buscam questionar as estruturas de poder na sociedade.

Destacam-se, assim, os saberes produzidos por escritoras-intelectuais, cujas obras e engajamento se refletem na cena pública da circulação de ideias e também contribuem para a construção de uma contracultura dominante em relação aos centros e saberes hegemônicos, a exemplo dos trabalhos produzidos por intelectuais afro-diaspóricas e africanas, como Beatriz Nascimento, Conceição Evaristo, Conceição Lima, Dina Salústio, Izildinha B. Nogueira, Miriam Alves, Neusa Santos Souza, Jurema Werneck e tantas outras.

Organizadoras:


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Maria Teresa Salgado (UFRJ)
Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Rosemary Afonso (UFRRJ)
Professora Ajunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
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Luciana Brandão Leal (UFV/CNPq)
Professora Associada da Universidade Federal de Viçosa.
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Luana Antunes Costa (UNILAB)
Professora Adjunta da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira - UNILAB/CE

Escritoras convidadas:


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Aida Gomes da Silva
Angola
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Anabela Mota Ribeiro
Portugal
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Cláudia Lucas Chéu
Portugal
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Dina Salústio
Cabo Verde
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Elisabete Nascimento
Brasil
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Simone Ribeiro da Conceição
Brasil
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Tatiana Pequeno da Silva
Brasil
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Valeska Angelo Torres
Brasil

Pesquisadores:


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Claudia Barbieri Masseran
UFRRJ
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Claudia Fabiana de Oliveira Cardoso
FAETEC
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Danieli Christovão Balbi
RJ
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Fernanda Felisberto da Silva
UFRRJ
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Gumercinda Nascimento Gonda
UFRJ
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Lanie Millar
Oregon University
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Luciana de Fátima Rocha Pereira de Lyra
UERJ
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Marcelle Ferreira Leal
UEMG
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Maria Nazareth Soares Fonseca
Professora Emérita pela UFMG (literÁfricas/GEED)
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Victor Galdino Alves de Souza
PUC-Rio

Simposistas:


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Elisabete Nascimento
UFRJ
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Érica Luciana de Souza Silva
IFF
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Fernanda Oliveira da Silva
UFRJ
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Ianá de Souza
UNIP
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Katria Galassi
UFRJ
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Lívia Ribeiro Bertges
UFMT
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Luciana Brandão Leal
UFV/CNPq
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Naduska Mário Palmeira
UFRJ
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Rogério Athayde
NIFAN/UFRJ
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Taís Santos Abel
IFRJ

Produtor cultural:


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Jeff Antônio
Coreógrafo e Bailarino

II Encontro Internacional Escritas do Corpo Feminino:
acolhimento e resistência ao sofrimento psíquico

Evento semi-presencial

DIA 1 – 13/08/2025

MESA 1 – Mesa Institucional – 9h00 (Presencial)

Profa. Dra. Sonia Reis - Diretora da Faculdade de Letras
Laise Ribas Bastos - Vice-coordenadora da Pós-graduação em Letras Vernáculas
Profa. Dra. Maria Teresa Salgado - Coordenadora do Grupo Escritas do Corpo Feminino

MESA 2 – Literaturas africanas e Literatura afro-brasileira – 10h00 às 11h30 (Presencial)

Profa. Dra. Cláudia Fabiana (FAETEC)
Dra. Marcelle Leal (UEMG)
Profa. Dra. Cinda Gonda (UFRJ)
Mediadora: Dra. Tais Santos Abel (IFRJ)

MESA 3 – Mesa-redonda das escritoras – 13h00 às 14h30 (Presencial)

Simone Ricco (RJ) – Escritora e professora
Valeska Torres (RJ) – Escritora
Elisabete Nascimento (UFRRJ) - Escritora e professora
Mediadora: Profa. Luciana Brandão Leal (UFV)

MESA Remota – Escritoras – 16h00 (Remoto)

Aida Gomes (Angola-Portugal)
Cláudia Lucas Chéu (Portugal)
Dina Salústio (Cabo Verde)
Mediadora: Profa. Claudia Barbieri (UFRRJ)
LINK PARA ACESSO À MESA REMOTA DE ESCRITORAS

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS – 18h00 às 20h30

Simpósio 1 - Gêneros e subgêneros contemporâneos e o sofrimento psíquico: produção e circulação literária em meio digital:

Profa. Dra. Lívia Bertges (UFMT)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 1

Simpósio 2 - Amor e sofrimento psíquico na escrita literária de autoria feminina:

Profa. Msc. Fernanda Oliveira da Silva (UFRJ)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 2

Simpósio 3 - Sofrimento psíquico, insularidades e sincretismos:

Profa. Dra. Naduska Mário Palmeira (UFRJ)
Prof. Dr. Rogério Athayde (NIFAN/UFRJ)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 3

Simpósio 4 - Reflexões e acolhimento sobre/do sofrimento psíquico feminino em poesias e outras artes:

Profa. Dra. Katria Galassi (UFRJ)
Profa. Dra. Luciana Brandão Leal (UFV/CNPq)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 4

Simpósio 5 - Acolhimento e resistência ao sofrimento psíquico de mulheres:

Profa. Dra. Ianá de Souza (UNIP)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 5

Simpósio 6 - Maternidades e sofrimento psíquico nas literaturas de língua portuguesa: (r)evolução: corpo, psique e discurso na experiência de ser mãe:

Profa. Dra. Taís Santos Abel (IFRJ)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 6

Simpósio 7 - Literatura e Psicanálise: diálogos sobre o sofrimento psíquico nas literaturas de língua portuguesa:

Profa. Dra. Elisabete Nascimento (UFRJ)
Profa. Msc. Fabiane de Souza Vieira (UFRJ/ABRAPO)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 7

Simpósio 8 - Sofrimento psíquico de mulheres em poéticas e estéticas dos países africanos de língua portuguesa:

Profa. Dra. Érica Luciana de Souza Silva (IFF)
Profa. Dra. Luciana Brandão Leal (UFV/CNPq)
LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 8


DIA 2 – 14/08/2025

MESA 4 – Mulheres, corpos e política nas literaturas e em outras artes – 9h00 às 10h30 (Presencial)

Prof. Dr. Victor Galdino (PUC-Rio)
Profa. Dra. Luana Antunes (UNILAB/CE)
Profa. Dra. Dani Balbi (RJ)
Mediador: Prof. Dr. Rogério Athayde (NIFAN/UFRJ)

MESA 5 – Literaturas afro-diaspóricas e tradução cultural – 10h45 às 12h15

Profa. Dra. Lanie Millar (Oregon University)
Profa. Dra. Fernanda Felisberto (UFRRJ)
Profa. Dra. Luciana Lyra (UERJ)
Mediadora: Dra. Rosemary Afonso (UFRRJ)

MESA 6 – Mesa de escritoras – 13h30 às 14h30

Profa. Dra. Anabela Mota Ribeiro - Portugal
Profa. Dra. Tatiana Pequeno (UFF)
Mediadora: Profa. Dra. Maria Teresa Salgado (UFRJ)

MESA 7 – Mesa de encerramento – 15h00 às 16h30

Conferência: Dra. Maria Nazareth Soares Fonseca - Professora Emérita pela UFMG (literÁfricas/GEED)
Apresentação: Profa. Dra. Luciana Brandão Leal (UFV/CNPq)

Simpósio 1 (remoto):
Gêneros e subgêneros contemporâneos e o sofrimento psíquico: produção e
circulação literária em meio digital

Lívia Bertges
Universidade Federal de Mato Grosso

Este simpósio pretende estabelecer diálogos entre gêneros e subgêneros literários contemporâneos em meio digital que tratam de temáticas relacionadas ao sofrimento psíquico. Propomos ampliar as discussões sobre a literatura digital enquanto produções escritas potencializadas pelo uso expressivo das mídias eletrônica e digital (Flores, 2021), ou seja, produções literárias nato digitais, bem como abarcar a literatura em meio digital (literatura digitalizada). As novas arquiteturas textuais no ciberespaço (Lévy, 1999) exploram ferramentas que possibilitam a criação de subgêneros literários não convencionais emergentes, para além de fomentar a circulação de tais textualidades, onde pode-se elaborar especificidades das chamadas escritas de si. Nessa perspectiva, recebemos trabalhos relativos a criações literárias hipertextuais (histórias em quadrinhos e outras escritas colaborativas), a produções literárias em redes sociais (Instagram, TikTok, Facebook) e de escritas literárias em mídias digitais, seja pelo uso de recursos variados e hibridações proporcionados pelos aparatos tecnológicos, seja pela abertura da circulação de gêneros e subgêneros contemporâneos que performam as relações dos corpos escritos e inscritos em meio digital.

Palavras-chave: Gêneros textuais contemporâneos, literatura digital, mídias, sofrimento psíquico.

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Simpósio 2 (remoto):
Amor e sofrimento psíquico na escrita literária de autoria feminina

Fernanda Oliveira da Silva
Universidade Federal do Rio de Janeiro

A discussão em torno do amor tem sido recorrente em diversas áreas de conhecimento e nos mais variados contextos da atualidade. O texto Tudo sobre o amor, de bell hooks (2021) focaliza a relação entre a presença/ausência desse sentimento e o sofrimento psíquico, sobretudo nas sociedades que passaram pela violência da colonização. Motivado por essa reflexão, serão acolhidos, nesse simpósio, trabalhos sobre a escrita poética e ficcional de escritoras que contemplem a temática do amor e o impacto psíquico que esse afeto causa. Nesta proposta, caberá também o debate sobre autoria, a fim de refletirmos a respeito das relações entre as trajetórias das escritoras nas sociedades em que estão inseridas e o fato de seus textos discutirem sobre o amor. Com Fanon (2008), Neusa Santos Souza (1983) e Kilomba (2019), será possível pensar o “sofrimento psíquico”, os “custos emocionais” e o “trauma colonial” vivenciados pelos colonizados e seus herdeiros, ainda hoje, de modo inconsciente. Assim, interessa-nos acolher discussões que pensem sobre as experiências das escritoras e como utilizam a escrita como uma maneira de possuir e realizar um discurso sobre si mesmas, conforme apontou a psicanalista Neusa Santos Souza, em Tornar-se negro, ao considerar a construção de um discurso de si como “uma das formas de exercer autonomia” (SOUZA, 1983, p. 17) dentro de uma sociedade com bases coloniais. Dessa maneira, propomos aqui refletir se o amor pode aparecer também como uma reinvindicação dos corpos femininos que, durante o período colonial, não tinham o direito de criar e nutrir relações amorosas. Serão bem-vindos estudos que apresentem novas epistemologias para fundamentar essa outra perspectiva do amor proposta pelas obras literárias, pensando uma investigação mais ampla, relacionada a uma maneira de ser, estar, resistir e existir no mundo. A partir dessa ideia, surgem outros caminhos, que apontam a leitura do sentimento, nessas produções literárias femininas, como algo distante da ideia de amor romântico tão conhecida e restrita às relações homem e mulher na perspectiva ocidental. Assim, buscamos trabalhos que dialoguem e contribuam para perceber de que maneira essas autoras inovam ao levar para suas produções literárias a temática do amor atrelada ao sofrimento psíquico. E quais são os mecanismos e as estratégias literárias utilizadas pelas escritoras para construírem esteticamente um discurso amoroso na prosa e/ou na poesia. Buscamos, nesse espaço, refletir se suas escritas apresentam uma ética amorosa ao demonstrarem que esse sentimento é também formado por ações cotidianas que possibilitam o rompimento dos ciclos de violências e abalam as estruturas de uma sociedade patriarcal.

Palavras-chave: Amor, Autoria Feminina, Colonização, Sofrimento psíquico, Violência.

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Simpósio 3 (remoto):
Sofrimento psíquico, insularidades e sincretismos

Naduska Mário Palmeira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rogério Athayde
NIFAN/UFRJ

É sabido que o sofrimento psíquico carrega forte expressão em contextos insulares, sobretudo, quando se trata da escrita feminina. O espaço insular em si provoca-nos a pensar sobre o impacto do lugar de enunciação dos/as artistas que vivenciam as realidades das ilhas, que podem ser representadas neste contexto por Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Contudo, a noção de insularidade não deve ser admitida tão somente como condição imposta pela geografia: ela nos permite conceber diversas outras expressões tanto de isolamento quanto de contato. O caso brasileiro talvez seja particularmente interessante para conduzir o tema na medida em que é possível identificar uma insistente renúncia às influências culturais latino-americanas e africanas, optando-se por uma busca de identidade junto aos EUA e a países europeus, notadamente Portugal e França. Por outro lado, o isolamento, geralmente associado ao insular, é passível de crítica, tal como faz o martiniquense Édouard Glissant, para quem as ilhas permitem o contato com o mundo, não o apartamento. Na mesma clave, Dina Salústio, escritora cabo-verdiana, em seu “Condição de ilhéu”, por exemplo, modula o pensamento que enxerga a vida ilhéu como isolada e o expande para Cabo Verde e para o mundo — que o arquipélago também é. Neste sentido, objetivamos criar condições para uma reflexão, teórica e literária, que associe as ideias pertinentes à insularidade — como recurso do pensamento social e ontológico — aos sincretismos — tratados de forma mais ampla como ferramenta teórica, logo como possibilidade de tratamento no âmbito da cultura — e, finalmente, o sofrimento psíquico advindo da condição insular, tal como a propomos, e da memória dolorosa que funda, como forma de acolhimento e resistência, os sincretismos na construção da religiosidade no Brasil e no redimensionamento cultural que vivenciamos da cultura religiosa.

Palavras-chave: Insularidades, Literatura, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Sincretismos, Sofrimento Psíquico.

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Simpósio 4 (remoto):
Reflexões e acolhimento sobre/do sofrimento psíquico feminino em poesias e outras artes

Katria Gabrieli Fagundes Galassi
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Luciana Brandão Leal
Universidade Federal de Viçosa/CNPq

Este simpósio visa acolher trabalhos que pensem a escrita poética feminina nos textos em língua portuguesa, assim como o protagonismo da mulher em outras artes, como música, cinema e teatro. Torna-se cada vez mais latente o desejo de descobrir a potência de vozes ainda submersas sob a quantidade espantosa de produção e divulgação de trabalhos produzidos pelo gênero masculino, com intuito de “encorajar a pluralidade de opiniões, o diálogo crítico, a controvérsia (hooks, 2019, p. 38)”. Faz-se imprescindível a escuta e leitura de textos e artes que acolham o leitor e o espectador, a partir da sensibilidade e da força do pensar feminino. Como afirma Alda Lara sobre as meninas de todas as raças “O mais, são histórias perdidas... Pois que importam outras vidas?... outras raças?... , outros mundo?... que importam outras meninas, felizes, ou desgraçadas?!” , precisamos voltar nossos olhares para as vidas escanteadas da sociedade, fazer com que sua importância seja ressaltada e suas dores, acolhidas. Em uma sociedade cada vez mais adoecida, voltar o olhar para o sofrimento psíquico feminino relatado nas narrativas literárias e audiovisuais pode ser a chave para, quem sabe, começar um processo de cura em uma sociedade que busca relativizar as dores, camuflando-as. E como afirma Dina Salústio, assim como “a literatura têm essa caraterística única de permitir o júbilo ao lado do desassossego, a alegria a par da saudade, a leveza unida ao constrangimento (SALÚSTIO, 2022, p. 9-10)”, também a arte em sua pluralidade nos afeta de distintas maneiras, por meio de sentimentos opostos e complementares e neste simpósio, será nelas que buscaremos questionamentos para nossas turbulências internas.

Palavras-chave: sofrimento psíquico; poesia; arte audiovisual; língua portuguesa; corpo feminino.

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Simpósio 5 (remoto):
Acolhimento e resistência ao sofrimento psíquico de mulheres

Ianá de Souza
Universidade Paulista

O propósito do simpósio é lançar luz sobre um aspecto ainda pouco abordado em estudos e análises feministas, o acolhimento ao sofrimento psíquico de mulheres. Nesse passo, partimos de uma constatação de que o sofrimento psíquico de mulheres tem a ver com a vida que elas levam, com o mundo em que elas vivem e com a materialidade de suas existências. Assim sendo, para enfrentar o tema do sofrimento psíquico de mulheres, será preciso extrapolar um modelo estanque de psiquismo e contemplar a ideia de que o sofrimento psíquico não é apenas da ordem da intimidade, ele é político. Isso significar dizer que esse sofrimento não deve ser enfrentado apenas psicologicamente, uma vez que são políticos, e enfrentá-lo politicamente inclui também enfrentá-lo psicologicamente. Por isso, no acolhimento ao sofrimento psíquico de mulheres deve-se ter a clareza de que é desastroso quando alguém busca ajuda e encontra destituição no lugar de ajuda. Compreendemos que esse acolhimento requer reflexões, intervenções, encontros e conversas mais aprofundadas sobre tornar-se mulher e sobre as questões de gênero. É preciso reconhecer a existência lesada das mulheres por relações patriarcais, suas estruturas e hierarquias e pela sobrecarga do papel de cuidadora; e as feridas que ainda estão abertas em razão de uma diferença sexual convertida em diferença política. Nesse contexto, pensamos que o acolhimento ao sofrimento psíquico de mulheres precisa ser pautado em espaços que promovam a coletividade feminina, pois entendemos que tal sofrimento exige uma narrativa e, ao ser compartilhado, ele perde força, porque deixa de ser vivido no âmbito individual. Quando mulheres se encontram trazem sempre consigo um patrimônio experiencial do mundo, sendo este colocado em trânsito através da fala no encontro com seus pares. A narrativa compartilhada pode, em seu processo, nos transformar a partir de dentro. Ela tem um papel vital a cumprir: procurar dar sentido a vivências que se transformam em experiências compartilhadas. A ideia é que através da fala pode-se curar muitos males do corpo e do psiquismo. O objetivo deste simpósio é justamente o agrupamento de debates e trabalhos que reflitam sobre saberes e práticas acolhedoras do sofrimento psíquico de mulheres pensadas a partir de uma perspectiva crítica. Interessa aqui compreender a dor e o enfrentamento de mulheres expostas a sofrimentos ocasionados por rebaixamento existencial, político, social e econômico ligado a questões de gênero.

Palavras-chave: Acolhimento, Mulheres, Resistência, Sofrimento Psíquico.


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Simpósio 6 (remoto):
Maternidades e sofrimento psíquico nas literaturas de língua portuguesa: (r)evolução, corpo, psique e discurso na experiência de ser mãe

Taís dos Santos Abel
Instituto Federal do Rio de Janeiro/Universidade Federal do Rio de Janeiro

Este simpósio parte da maternidade e de suas implicações no mundo contemporâneo, com foco nas literaturas de língua portuguesa, como espaço de escuta, resistência e elaboração simbólica das múltiplas experiências maternas. Interessa-nos refletir sobre os atravessamentos interseccionais — de gênero, raça, classe e colonialidade — que moldam essas maternidades e suas repercussões no sofrimento psíquico das mulheres, muitas vezes silenciadas e sobrecarregadas por estruturas patriarcais e normativas ocidentais de cuidado. As produções literárias oriundas de países como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe oferecem vozes que tensionam os discursos dominantes sobre o maternar. Nessas narrativas, a maternidade não se limita ao campo biológico: ela é também ancestral, política, simbólica e coletiva. Obras de autoras como Paulina Chiziane (2004), Conceição Lima (2006), Noémia de Sousa (2001) e Vera Duarte (2011) revelam os modos como o corpo da mulher-mãe é atravessado por expectativas sociais, violências coloniais e dilemas afetivos, gerando experiências profundas de solidão, dor e resistência. Esse debate encontra ressonância na produção de autoras afro-brasileiras como Conceição Evaristo (2003), Cristiane Sobral (2011), Elisabete Nascimento (2021), Eliana Alves Cruz (2015) e outras, cujas obras ficcionalizam maternidades negras sob o prisma da dororidade, da ancestralidade e da luta por reconhecimento. Ao fazer dialogar esses dois territórios literários — África e Brasil — o simpósio pretende enfatizar a potência crítica e poética das escrevivências maternas no enfrentamento das violências estruturais que atravessam os corpos das mulheres negras. Nesse sentido, o simpósio propõe debater como o sofrimento psíquico materno se inscreve nas literaturas de língua portuguesa — ora denunciando a sobrecarga e o apagamento da subjetividade feminina, ora afirmando estratégias de reinvenção e cuidado. Questões como dororidade, sororidade e mutualidade entre mulheres são acionadas como formas de alteridade e cura, revelando uma dimensão comunitária e ancestral no enfrentamento das opressões. Além disso, pretendemos acolher relatos de experiência e reflexões sobre a vivência de mulheres-mães no ambiente acadêmico, explorando os desafios de articular maternidade, produção intelectual e criação artística. O simpósio também se abre à análise de textos poéticos e narrativos que elaboram simbolicamente essas tensões, evocando memórias geracionais, resistências coletivas e maternidades diversas. A proposta dialoga com um arcabouço teórico plural, a partir de autoras como bell hooks (2000), Angela Davis (2016), Maria Lugones (2014), Gloria Anzaldúa (1987), Oyèrónkẹ Oyěwùmí (2021), Flávia Biroli (2018), Priscila Bezerra Barbosa (2021), Thainá Briggs (2022) e Chimamanda Ngozi Adichie (2015). Com elas, buscamos construir uma reflexão crítica, afetiva e situada sobre maternidades em (r)evolução, e sobre o lugar da mulher-mãe nas tramas sociais, políticas e literárias do espaço lusófono.

Palavras-chave: Maternidade; Literaturas de língua portuguesa; Sofrimento psíquico; Escrevivência; Decolonialidade.

LINK PARA ACESSO AO SIMPÓSIO 6

Simpósio 7 (remoto):
Literatura e Psicanálise: diálogos sobre o sofrimento psíquico nas literaturas de língua portuguesa

Elisabete Nascimento
Instituto Federal do Rio de Janeiro
Fabiane de Souza Vieira
Universidade Federal do Rio de Janeiro/Associação Brasileira de Porfiria

O presente simpósio tem como objetivo promover diálogos entre as produções literárias de expressão em língua portuguesa — prioritariamente de voz e autoria feminina — e as formulações conceituais da Psicanálise sobre o trauma, o sofrimento psíquico e os recursos psicológicos voltados à autorrecuperação dessas vozes e autorias. Busca-se interpelar as políticas de morte física e simbólica, o mal-estar na contemporaneidade e os traumas que incidem sobre os corpos, investigando de que forma essas vozes e autoras expressam e se insubordinam diante dessas violências. Das formulações freudianas às epistemologias decoloniais, contracoloniais e de distintos campos da Psicanálise, o simpósio propõe problematizar as conexões possíveis entre essas produções literárias e as categorias conceituais da teoria psicanalítica. Nesse sentido, interessa compreender de que maneira o escopo conceitual da Psicanálise realiza a “escuta” dessas vozes e contribui para um diálogo desierarquizado com suas narrativas e resistências. Essas são as inquietações que nos afetam e nos movem à proposição deste simpósio, que visa fomentar trocas entre a Literatura e a Psicanálise no tocante ao sofrimento psíquico, buscando caminhos possíveis para uma reparação psíquica que considere as singularidades das experiências narradas e os atravessamentos sociais e simbólicos que as constituem.

Palavras-chave: Literatura, Psicanálise, Reparação Psíquica, Sofrimento Psíquico, Trauma.

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Simpósio 8 (remoto):
Sofrimento psíquico de mulheres em poéticas e estéticas dos países africanos de língua portuguesa

Luciana Brandão Leal
Universidade Federal de Viçosa/CNPq
Érica Luciana de Souza Silva
Instituto Federal Fluminense

Este simpósio propõe um espaço de reflexão crítica, interdisciplinar e transnacional sobre a presença do sofrimento psíquico feminino como tema, estética e linguagem em textos escritos nos países africanos de língua portuguesa. A proposta surge da necessidade de revisitar e repensar os modos como as mulheres lidam, através da palavra, com heranças históricas, feridas coloniais, identidades fragmentadas e as diversas formas de perdas — sejam elas individuais, coletivas ou culturais. Assim, este simpósio pretende focalizar temáticas muitas vezes inviabilizadas pela crítica literária e, especialmente, pelos estudos sobre literaturas dos países africanos: a experiência da dor, da saudade, da solidão e da memória como elementos constitutivos da escrita literária. Como sabemos, as escritas poéticas são permeadas por diferentes afetos — entre eles, a melancolia, vista não apenas como um estado emocional, mas como uma forma estética de lidar com a experiência pós-colonial, com os efeitos da diáspora, com os lutos históricos e com a complexidade da condição pós-independência. Assim, pretende-se investigar e debater a presença e os significados do sofrimento psíquico de mulheres, focalizando, sobretudo, a melancolia presente em obras literárias, à luz de abordagens literárias, filosóficas, psicanalíticas e culturais.

Palavras-chave: Escritas de Mulheres, Feminismo Decolonial, Melancolia, Poéticas, Sofrimento Psíquico.

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